Cantinas Escolares – 13-11-2017

Nos últimos 3 anos a ASAE fiscalizou cerca de 800 escolas e instaurou 228 processos de contra-ordenação e 20 processos crime. Este ano lectivo têm sido expostos, mais do que nunca casos graves de falhas na alimentação escolar.

A nível local, no concelho de Santa Maria da Feira, este ano lectivo já existiram queixas de má qualidade da comida nas escolas EB Nº.1 e Nº.2 de Santa Maria da Feira e na Escola Básica e Secundária Coelho e Castro de Fiães.

A monitorização das cantinas por parte dos pais é articulada pelas Associações de Pais e não são permitidas visitas de surpresa, sendo as visitas agendadas tem de ser colocada em causa a eficácia destas monitorizações. Perante a torrente de reclamações colocadas por alunos e encarregados de educação as respostas da vereadora da educação Cristina Tenreiro têm sido muito escassas e superficiais, deixando a desejar no seu compromisso para com a defesa dos melhores interesses dos alunos das escolas do concelho.

Interesses que com certeza estão a ser defendidos são os de quem lucra com os contractos realizados entre as escolas e as empresas privadas que asseguram o comer para as cantinas.

Longe vão os tempos em que as escolas podiam argumentar com credibilidade que as refeições escolares em muitos casos eram a única refeição decente que os alunos comiam em 24horas. Longe vão também os tempos em que fazia sentido a escola fechar quando as cozinheiras da cantina faziam greve, pois actualmente não se entende esta justificação visto que as refeições não são preparadas na escola e colocar a comida num prato até a senhora da limpeza o pode fazer, não é preciso nenhum curso universitário para essa ciência. A única justificação que faz algum sentido é que é bom ir à boleia dessa justificação desenquadrada com o panorama actual para se fechar a escola e tirar o dia para lazer.

Manuel Pereira, presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares afirmou recentemente numa entrevista à TSF que as refeições escolares deviam ser confeccionadas nas escolas, que têm cantinas e cozinhas para o fazer. Eu concordo com ele pois até à data ainda não se ouviu qualquer queixa vinda de escolas que funcionam neste sistema. Manuel Pereira afirma ainda e com razão que confeccionar as refeições nas escolas dá muito trabalho mas garante uma qualidade que as empresas privadas não têm conseguido apresentar. Eu creio que o problema está essencialmente na parte do trabalho, hoje em dia poucos o querem. E isso abre portas para uma exploração sem precedentes do lado financeiro da questão.

A defesa destas empresas privadas tem sido que não é possível apresentar a qualidade pretendida com os preços praticados, ou seja querem mais dinheiro. Mas as escolas onde as refeições são confeccionadas nas suas cozinhas por cozinheiras da escola conseguem em vários casos até apresentar valores cerca de 20 cêntimos abaixo dos valores estipulados pelo Ministério da Educação.

Parece-me que ao invés de se instaurar processos disciplinares aos alunos que se têm queixado de forma pública sobre esta vergonha que se tem passado nas cantinas escolares, alguém devia pensar seriamente em começar a fazer o trabalho que lhes compete e começar a defender o interesse dos alunos, do futuro que eles representam e não os interesses financeiros de quem gere e das empresas privadas beneficiadas por esta falta de rigor e de critério com que temos vivido.

Já chega! Já chega de quem pode e manda só pensar em encher os bolsos, já chega de tudo ser medido pelo lado monetário, já chega de cada vez tentarem explorar mais as famílias que já travam uma luta constante para se conseguirem manter à superfície e sobreviver num cenário que parece favorecer exclusivamente quem já tem muito e quem só pensa em ganhar mais.

Estamos a falar das escolas, do ensino, da educação! Estamos a falar das nossas crianças e do futuro que elas representam! Senhores dirigentes das escolas, vereadores da Educação, presidentes de Câmara Municipal, Ministério da Educação, Primeiro Ministro, Presidente da República…Hello!!! Temos um salário mínimo miserável mas contribuímos como nos é exigido. Dirigimo-nos às urnas e depositamos a nossa confiança em vós. Demoramos bastante tempo até começarmos a ver as coisas…Mas não exagerem ao ponto de se tornar ridículo como está a acontecer. Mostrem um pouco de dignidade e orgulho nos cargos que representam e façam o que vos compete.

Por uma vez nas vossas carreiras tomem decisões onde considerem o futuro, onde considerem o povo, onde considerem o lado humano da coisa. Vocês têm mais dinheiro que nós, mas nós temos que viver com as consequências do que vocês decidem não pelo vosso dinheiro, mas porque nas eleições escolhemos acreditar na vossa competência e não na profundidade da vossa carteira!

Mário Pereira

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