DOMINGO I DA QUARESMA – ANO B
«Cumpriu-se o Tempo!»
Depois de termos celebrado na Quarta-feira, o início deste santo tempo da Quaresma, somos convidados a percorrer com alegria este tempo que nos há-de conduzir à Páscoa do Senhor. Este tempo que somos chamados a percorrer não é um tempo sombrio ou tenebroso, triste ou pesado, mas o tempo alegre e cheio da esperança que inunda o coração daquele que encontra na conversão e no arrependimento um programa de vida. Por isso, recordo uma vez mais as palavras do Ir. Roger, fundador da comunidade de Taizé, que em cada ano recordava aos seus irmãos que a Quaresma era «o tempo de cantar a alegria do perdão». Que esta Quaresma de 2018 seja verdadeiro lugar de conversão e arrependimento, um tempo favorável para cantarmos juntos a alegria do perdão.
Jesus veio trazer uma mensagem de alegria e de esperança. Jesus veio inaugurar um tempo novo marcado pelo amor e pela misericórdia. Contudo, a Sua mensagem não é uma imposição, a Sua mensagem não é uma obrigação é uma proposta de amor que requer a nossa liberdade e, por isso, somos desafiados a acolher livremente a mensagem de amor que Jesus nos dirige. Deste modo, a Quaresma lança-nos o desafio de abrir a porta do nosso coração à mensagem de alegria que brota do Evangelho.
O Evangelho de hoje situa Jesus num lugar diferente do habitual: não está com as multidões, não está no Templo ou na sinagoga: Jesus está no Deserto. Mais, Jesus foi impelido «pelo Espírito Santo» ao deserto. Jesus não foi apenas por Sua livre iniciativa: é o Espírito Santo que conduz Jesus e Jesus deixa-se conduzir por este Espírito de amor.
O deserto é uma imagem muito forte biblicamente. O deserto é, em primeiro lugar, pela sua própria natureza, um lugar isolado longe do rebuliço e da confusão e, por isso, muitas vezes na Bíblia este lugar teológico surge como lugar de encontro com Deus, lugar onde experimentamos o sossego e a paz necessárias para escutar a voz de Deus.
Contudo, o deserto é também lugar onde o Povo de Israel a caminho da Terra Prometida tantas vezes experimentou a infidelidade e onde tantas vezes se afastou de Deus. O deserto é também lugar de tentação, de experimentar a fragilidade e a debilidade pois é um lugar exigente, difícil e tantas vezes árduo.
Jesus também foi conduzido ao deserto. Jesus que assumiu a nossa natureza humana, assume-a na sua totalidade e vem ao encontro da nossa fragilidade, percorre como nós os caminhos tantas vezes árduos e argilosos da tentação e foi tentado no deserto, isto é, sentiu as dificuldades, os obstáculos e os desafios que são próprios do caminho.
Mas como o deserto é lugar de passagem e provisório, Jesus não se detém aí e vai para a Galileia e anuncia o Reino de Deus. Assim, escutamos as primeiras palavras de Jesus no Evangelho de S. Marcos: «Cumpriu-se o tempo e está próximo o reino de Deus. Arrependei-vos e acreditai no Evangelho». Jesus diz-nos que não há tempo a perder, é urgente abrir o coração ao Evangelho, é
urgente fazer das nossas vidas lugares alegres e felizes de conversão. O arrependimento e a conversão são a atitude permanente de todo aquele que quer seguir o caminho de Jesus, pois a transformação da nossa vida é fonte de alegria e felicidade. Por isso, cada um de nós há-de perguntar-se: o que quero transformar na minha vida? Na resposta a esta pergunta haveremos de encontrar o programa de conversão que cada um é chamado a realizar.
Padre Sérgio Leal